Jundiaí desarma menos e polícia vê risco
terça-feira, 5 de março de 2013Para cada 1.878 jundiaienses, só um trocou sua arma por uma indenização de julho de 2011 para cá, quando a Campanha do Desarmamento, enfim, ganhou um ponto de entrega na cidade – ela está completando dez anos no Brasil.
Entre pistolas, revólveres, espingardas e outros, não chegam a duzentas as armas que a polícia civil recebeu – além de pouco mais de 1,8 mil cartuchos de munição, para uma indenização total paga de R$ 20,5 mil.
Em janeiro último, foram entregues 7 revólveres, 1 arma artesanal, 2 espingardas ou armas de outros calibres e 189 munições (ainda não há dados de fevereiro). Nota-se uma diminuição em relação ao primeiro mês de 2012, por exemplo – não dá para fazer uma média mensal, pois a campanha a nível Brasil tende a ser melhor no começo de cada ano.
O delegado Seccional de Jundiaí, Ítalo Miranda Junior (foto), nota uma queda de participação da população e reconhece que a polícia não tem como estimar quantas armas existem na cidade. Com sua experiência, diz apenas que a maioria das pessoas que as mantém para proteção mora na zona rural.
De certo, ele conta que as armas entregues aqui pertenciam a uma classe social mais alta. “São cidadãos muito bem instruídos, com residência própria e que estavam preocupados com a segurança na cidade de Jundiaí, em especial das crianças, filhos, netos ou sobrinhos que frequentam a casa”.
Em 2011, foram 98 armas de diversos calibres entregues para a destruição. No ano passado, o número caiu para 87 artefatos. Já o número de munições passou de 703 em 2011, para 835 em 2012.
O seccional alerta que se a pessoa for flagrada com uma arma em casa pode ser indiciada por posse ilegal. Já no caso de ser flagrada com a arma na rua, o crime passa a ser porte ilegal. No primeiro, a pena é de detenção de um a três anos. Já no segundo, a prisão pode ser de dois a quatro anos. E sempre há um grande perigo para o dono da arma e seus familiares.
Ele não abre mão
A sensação de segurança – falsa, segundo adverte o doutor ìtalo – é o que faz o empresário A. R., 47 anos, que mora em Campo Limpo Paulista, ter um revólver. “Sei que não é certo, mas ele fica bem escondido em casa e, se precisar, tenho acesso rápido”, contou.
A arma veio junto com o documento de porte, ambos de 2004. E a decisão foi impulsionada por um sequestro relâmpago sofrido na época. Ele e a família moravam em Socorro e foram rendidos quando chegavam em casa. “Um dos dois bandidos que renderam a mim, minha esposa e meu filho (na época com 3 anos) estava armado. Precisei levar esse grande susto e ter um prejuízo de quase R$ 19 mil para só depois descobrir que a arma dele era de brinquedo”, conta.
Foi, então, que ele resolveu adquirir o armamento pessoal e não abre mão dele. “Não falo para ninguém seguir o exemplo, mas não consigo devolver minha arma.”
Como entregar a arma à polícia
Para entregar sua arma de fogo o interessado deve preencher o requerimento eletrônico de guia de trânsito disponibilizado no site da Polícia Federal (dpf.gov.br). Com a guia impressa, basta levar a arma até a Seccional (avenida 9 de Julho com a Prefeito Luiz Latorre). Assim que entregue a arma, o proprietário receberá um protocolo de indenização que poderá ser sacado em qualquer posto de autoatendimento do Banco do Brasil.
10 razões para desarmar
1 O Brasil é o país do mundo com o maior número de pessoas mortas por armas de fogo.
2 Existem armas demais neste país: estima-se 17 milhões delas.
3 Armas foram feitas para matar (70% dos homicídios são com elas).
4 Ter armas em casa aumenta o risco, não a proteção.
5 A presença de uma arma pode transformar qualquer cidadão em criminoso.
6 Quando existe uma arma dentro de casa, a mulher corre muito mais risco de levar um tiro do que o ladrão.
7 Em caso de assalto à mão armada, quem reage com arma de fogo corre mais risco de morrer.
8 O mercado legal abastece o ilegal.
9 O Estatuto do Desarmamento é uma lei que desarma o bandido.
10 Controlar as armas salva vidas.
Fonte: Rede Bom Dia