Com estimativa de 18 mil moradias em falta, Jundiaí terá plano de habitação
quinta-feira, 11 de agosto de 2011Economia aquecida somada a crédito facilitado resulta em um maior número de pessoas de olho na casa própria. Na cidade Jundiaí, o déficit habitacional popular é de 18 mil moradias, de acordo com o superintendente da Fumas (Fundação Municipal de Ação Social), Ademir Pedro Victor. É este o número de pessoas inscritas na fundação para ter a chance de financiar um imóvel com o incentivo de programas como, principalmente, o Minha Casa, Minha Vida.
“No último sorteio, foram 8 mil pessoas inscritas. Precisamos de planejamento para atender essa demanda”, afirma Ademir. Em parceria com a Fupam (Fundação para a Pesquisa em Arquitetura e Ambiente), a prefeitura investe no desenvolvimento do Plano Municipal de Habitação. A primeira etapa envolve uma série de audiências públicas e a programação será aberta nesta quinta (11), às 19h, na Escola Professora Celsina Barbosa Pazinatto, na Vila Comercial.
“O plano anterior era de 1996. Estamos revisando e refazendo de acordo com exigência da Secretaria Nacional de Habitação”, ressalta o superintendente da Fumas. A revisão é necessária para que a prefeitura consiga, junto à esfera federal, diversos tipos de financiamentos habitacionais. “O foco é enumerar as necessidades e definir um planejamento anual.”
Atualmente, há 2,5 mil moradias em construção em Jundiaí para atender os inscritos na Fumas de acordo com Ademir. Os investimentos em habitação na atual gestão do prefeito Miguel Haddad (PSDB) giram em torno de R$ 180 milhões.
O principal desafio apontado pelo superintendente da Fumas é a falta de espaço para a construção de novas moradias. “A prefeitura é quem compra os terrenos e faz toda a parte de terraplanagem, de infraestrutura básica. Mas falta terra disponível e o investimento é alto, pois o setor imobiliário está aquecido”, diz. O cenário justifica o investimento, neste primeiro momento, exclusivamente em apartamentos. “É um jeito de ter mais unidades em menos espaço de terra.”
Faltou divulgação / A proposta de ouvir a população para então formular um plano de habitação é muito boa. Mas faltou divulgação de acordo com moradores e comerciantes da rua Ibiporã, onde fica a EMEB que sediará a primeira audiência pública nesta quinta (11). Eles não estavam sabendo do assunto até quarta.
“Eu participaria, pois já lutei muito por melhorias para o bairro. Mas não ouvi ninguém falar nada a respeito”, diz a aposentada Célia Maria Adami de Souza, 70 anos, moradora na Vila Comercial desde a década de 1980. “Deveriam ter colocado cartazes no comércio, na igreja, como sempre fazem quando é de interesse que a população realmente esteja presente, como às vésperas de eleições”, completa a vendedora Elaine Bittencourt, 38. moradora do bairro há 16 anos.
Uma realidade que nem todo mundo conhece
Mau cheiro de esgoto a céu aberto faz parte de cenário em submoradia no bairro Santa Gertrudes; população tem pressa
Há 30 anos Isabel Messias de Godói, 76, sonha com uma realidade diferente da que vive, em meio a um esgoto que corre a céu aberto em uma área esquecida do bairro Santa Gertrudes. “O cheiro é forte demais, não dá nem para se acostumar. Faz tempo que a prefeitura fala que vai resolver nosso problema”, conta, dizendo que perdeu a esperança. “Agora estou muito velha, nem sonho mais”.
Acabar com a submoradia em Jundiaí é prioridade da atual gestão, de acordo com Ademir Pedro Victor, superintendente da Fumas. “Seremos a primeira cidade do país a erradicar a favela”, diz. Para isso, é preciso zerar um déficit de 3,5 mil unidades habitacionais.
Segundo ele, a população do Santa Gertrudes não está esquecida, como também não estão os moradores de favelas como Jardim Sorocabano, Guanabara, Novo Horizonte, Tamoio, Vila Ruy Barbosa, baixada do Paraná e Vila Nambi – locais onde ainda há submoradias na cidade.
Há planos em andamento. Mas, para quem dorme e acorda com o mau cheiro do esgoto diariamente, não há mais tempo para espera.
“Não queria nem sair daqui porque são 20 anos nesse local. Conquistamos nossas coisas com muito trabalho, tudo o que tem dentro de casa foi difícil de conseguir. Só que eles poderiam pelo menos canalizar o rio, coisa que prometem há anos”, afirma a dona de casa Mariza Aparecida Matias, 50. Casada e mãe de três filhos, Mariza conta que hoje, com a caçula da família já com 14 anos, a preocupação é menor.
“Mas quando eles eram crianças, dava medo. Minha filha chegou a cair no córrego uma vez. Saiu correndo do carro e não deu tempo de segurar”, afirma.
14
É o número de núcleos de submoradias já erradicados em Jundiaí ao longo de 30 anos de acordo com dados da Fumas.
De olho no futuro
Otacílio Braga de Oliveira, 55 anos, vigilante aposentado, hoje se orgulha da casa que construiu com muito sacrifício na favela do bairro Santa Gertrudes. “Quando cheguei com minha mulher e meu filho, era um único cômodo. Agora são quatro”, diz, enquanto mostra um varal de discos de vinil cortando a sala. “Adoro música e fiz isso só como decoração mesmo”, orgulha-se.
O vigilante afirma gostar do local onde mora há 14 anos. Mas ainda sonha em ter a casa própria. “Aqui não é nosso, não tenho escritura, nada. É da prefeitura. Sou cadastrado na Fumas há bastante tempo, quem sabe um dia o sonho se torna realidade”, diz. Da porta de sua casa, Otacílio mostra o principal problema do local onde mora – a falta de canalização do rio.
Agenda
Nesta sexta (12), a audiência pública ocorre no bairro Cidade Nova I, na EMEB Professora Judith Almeida Curado Arruda. Dia 17, na EMEB Ivo de Bona, no Almerinda Chaves. Dia 18, na Câmara, no Centro. Dia 19, na EMEB Profª Anna Rita Alves Ludke, na Vila Alvorada. Dia 22, na EMEB Antonio Adelino Marques da Silva Brandão e, dia 23, na EMEB Deodato Janski, no Jardim Tarumã. As reuniões ocorrem sempre às 19h.
Fonte: Rede Bom Dia
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