Jundiaí: Em menos de três meses, 805 motoristas têm habilitação cassada por excesso de multas
terça-feira, 29 de março de 2011De 1º de janeiro até esta segunda-feira, 805 motoristas da cidade de Jundiaí perderam suas carteiras de habilitação, de acordo com dados da Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito).
O número impressiona se comparado com todo o ano passado, quando foram cassadas 2.648 CNHs (Carteira Nacional de Habilitação), com uma média mensal de 220 cassações.
Este ano (levando-se em consideração que o número deverá mudar, já que o mês acaba na quinta-feira e novos motoristas infratores podem ser notificados), a média beira 268,3 cassações mensais, o que já daria um acréscimo de 19% em relação a todo 2010 (o que também pode mudar ao longo do ano).
“Mas é preciso levar em conta também que a frota de veículos em Jundiaí aumentou consideravelmente”, afirma o delegado Fernando Bardi, em justificativa aos números dos três primeiros meses deste ano.
Só em dezembro, diz o delegado, passaram a rodar cerca de 2 mil novos veículos na cidade.
“O mercado para vendas de veículos viveu um bom momento no ano passado, principalmente em dezembro”, diz Bardi.
Meses agitados
Outro fator que pode levar ao aumento das cassações em 2011 é o fato de os meses em que se registram mais multas de trânsito estarem no começo e no fim de cada ano.
“É uma época em que as pessoas saem mais de casa”, afirma o delegado.
Em 2010, fevereiro foi o mês que registrou o maior número de multas de trânsito em Jundiaí (14.146), sendo a maior parte delas por excesso de velocidade (10.051) – e para este caso há outra explicação, pois um mês antes radares fixos de velocidade começaram a operar em Jundiaí, o que ajuda a justificar o alto número de infrações registradas.
Já em dezembro do ano passado, quase um ano após o funcionamento dos radares, a quantidade de multas também foi alta em comparação aos outros meses do ano (10.271), sendo a metade delas por excesso de velocidade.
Análise
Para o especialista em trânsito José Almeida Sobrinho, professor da Academia da Polícia Civil de São Paulo, o número de carteiras cassadas não é alarmante e pode ser justificado pelo tamanho de Jundiaí e pelo número de veículos de sua frota, de 251 mil de veículos em 2010.
“Com mais radares nas ruas e mais investimento na fiscalização, é um resultado natural que mais multas sejam dadas e mais carteiras de habilitação sejam cassadas”, explica Sobrinho, que aponta a atuação do setor de trânsito local como o principal motivo para o aumento do número de multas no município – de 45.317 em 2009 para 107.755 mil no ano seguinte.
Para ter a carteira de motorista cassada, o motorista tem que receber 20 pontos em infrações. O grau da punição varia entre 4, 5 e 6 pontos. No caso da carteira provisória, com duração de um ano, o motorista não pode levar nenhuma multa.
Recursos
O número de busca por recursos a multas aumentou na comparação entre 2009 e 2010. De 3.300 mil, o número de procuras passou a 4.926 mil – cerca de 4% do número de multas registradas na cidade no ano anterior.
Sobrinho argumenta o número de pessoas que buscam recursos, em comparação com outras cidades, é pequeno.
Excesso de velocidade de carros e motos preocupam Setransp
A maior preocupação da Setransp (Secretaria de Transportes), segundo seu diretor, Mauro Mazzagati, é o excesso de velocidade dos condutores – responsável pelo maior número de multas em 2010 – e os acidentes que envolvem motos.
Para tentar evitar os motoristas em velocidade acima do permitido, Mazzagati afirma que as lombadas eletrônicas são uma saída, assim como os radares. No caso das motos, a Setransp afirma investir em campanhas de conscientização, explicando a necessidade de utilizar capacete, faróis e breques regulares. “Além disso, as blitze sempre funcionam, e nelas os motoristas são convidados até mesmo a conhecer as regras de trânsito”, afirma Mazzagati.
A Setransp também acompanha os casos de acidentes com vítimas, inclusive suas situações no hospital. Não há previsão para a instalação de novos radares em Jundiaí.
Homem de 27 anos é campeão de multas, com 162 pontos
Com 27 anos, o campeão de multas em Jundiaí em 2010 acumulou 162 pontos em sua carteira – cerca de 40 multas – e, segundo a Ciretran, teve de desembolsar mais de R$ 3 mil para pagá-las.
A maioria de suas 40 multas foi na região central de Jundiaí. De acordo com o delegado Fernando Bardi, o “campeão” está na faixa de idade que comete boa parte das infrações de trânsito. “São jovens com carros bons”, explica.
O campeão de multas foi notificado pela Ciretran, prestou contas a ele e teve a carteira cassada. O motorista ficará um ano e dois meses de suspensão.
Os outros campeões de multa – na segunda e terceira colocação – também superaram os 100 pontos na carteira e fazem parte de um grupo de 30 motoristas entre os casos mais graves, aqueles com um número acima do que a Ciretran entende estar dentro da normalidade. Nenhum deles teve seus dados pessoas divulgados.
Concentração
O veículo do campeão de multas (que não foi revelado pela Ciretran) da cidade faz parte de 5,6% da frota de Jundiaí e equivale a 13.562 veículos. Essa fatia concentra a maior parte das multas registradas no município.
Segundo o diretor de Trânsito da prefeitura, Mauro Mazzamati, esses 5,6% não causam espanto e estão dentro da normalidade. “A maior parte dos condutores que estão nesse grupo paga as multas”, explica Mauro.
O especialista em trânsito José Sobrinho também acredita que o número esteja dentro da normalidade, mas no limite do aceitável. “Menos que 5%, acredito, já não seria tão normal”, diz.
Questionado sobre a possibilidade de existir laranjas ou fantasmas entre a parte que concentra a maioria das multas, o delegado Bardi acredita que sim. Mas, para ele, não se trata de quadrilhas especializadas em repassar pontos de infrações a pessoas que não existem ou por meio de falsificação de documentos. “São indivíduos que agem em situações isoladas”, explica.
Durante todo o ano passado e o início de 2011, Bardi diz que a Ciretran detectou pelo menos dez casos de criminosos que atuavam nesse esquema de passar os pontos a outras carteiras. “Têm pessoas que dizem que nem sabiam de certas infrações e, em certos casos, temos de confiar na boa fé”.
Fonte: Rede Bom Dia
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