Dinheiro extra vai aquecer o comércio em Jundiaí
segunda-feira, 28 de novembro de 2011A primeira parcela do 13º salário entra na conta da maioria dos assalariados nesta semana. Em Encontra Jundiaí, o pagamento representa um acréscimo de R$ 146 milhões na economia local, segundo cálculos da ACE (Associação Comercial e Empresarial). Dinheiro extra que vai aquecer as vendas de Natal. Mas economistas aconselham cautela na hora de gastar. A receita de sempre é reservar parte do benefício para as despesas de janeiro. Mas neste ano é bom poupar um pouco mais, dizem especialistas, devido à crise financeira na Europa que ameaça chegar ao Brasil reduzindo investimentos e, consequentemente, postos de trabalho.
No entanto, o alerta para um cenário pessimista ainda parece distante da realidade do jundiaiense. No último balanço do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho e Emprego, a cidade registrou acréscimo de 189% em contratações no mês de outubro, bem diferente do resultado no restante do País, que teve redução de 40% na oferta de empregos.
Comércio
Diante desse cenário favorável, empresários do varejo apostam alto nas vendas em Jundiaí. A partir da próxima quinta-feira, até o dia 23 dezembro, as lojas do Centro vão funcionar até as 22h, de segunda a sexta. Aos sábados e domingo, o expediente vai até as 18h. Com o sugestivo nome “Natal dos Sonhos”, a programação não vai economizar em atrações para atrair o consumidor. Bonecos mecatrônicos na praça da matriz e desfile natalino estão entre as novidades deste ano, um investimento de R$ 500 mil bancado pelos comerciantes.
O presidente da ACE, Ricardo Diniz, diz que a expectativa é de crescimento de 6% no faturamento em relação ao Natal do ano passado. Roupas, calçados e acessórios devem liderar as vendas, como ocorre todos os anos. “Mas desta vez os eletroeletrônicos, como iPads e iPhones devem ocupar uma posição de destaque no ranking”.
Somadas as duas parcelas do 13º – a segunda deve ser paga até 20 de dezembro – a economia de Jundiaí receberá um acréscimo de R$ 292 milhões nesse período. A ACE estima que 60% desse valor vai ficar no comércio.
DÍVIDAS
Mas antes de sair gastando por aí, o consumidor que estiver endividado precisa fazer as contas e definir prioridades, aconselha o economista Marino Mazzei, professor da UniAnchieta. “Primeiro de tudo, ao receber o décimo terceiro, o trabalhador deve quitar as dívidas, principalmente as de cartão de crédito e cheque especial, que são as que têm as maiores taxas de juros”. Além disso, é preciso reservar uma parte do dinheiro para as despesas de janeiro com IPTU (Imposto Predial, Territorial e Urbano), IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotores) e matrícula escolar. Depois, sim, é a hora de ir às compras.
A mesma recomendação é feita pelo economista Mariland Righi, professor da Fundação Getúlio Vargas. Mas ele destaca outra preocupação, a turbulência financeira que se espalha pela Europa. “Essa crise certamente vai chegar aqui no Brasil, causando resfriamento nos investimentos e geração de empregos”, alerta.
Segundo ele, já é possível perceber sinais de queda na atividade econômica. “No ano passado, o país registrou crescimento de 7%, neste ano, na previsão mais otimista, que já foi revisada pelo governo, não vai passar de 3,5%.”, explica. “Isso não quer dizer que o mundo vai acabar em 2012, mas existe uma indeterminação muito forte no rumo da economia, por isso, é aconselhável manter uma reserva de dinheiro”, aconselha. É bom que Papai Noel fique com a barba de molho.
Crescimento depende de reformas
Sem uma ampla reforma tributária e política não há crescimento que se sustente por longo prazo. A afirmação é do economista Mariland Righi. “A adoção dessas medidas é urgente no Brasil”.
290%
São os juros do cartão de crédito ao ano.
Natal no Centro terá árvore de 14 metros
A programação do “Natal dos Sonhos” vai ser aberta na praça da matriz na próxima quinta-feira, às 19h30. No local vai ter presépio mecânico e um relógio com a contagem regressiva para o Natal. Uma árvore de 14 metros de altura vai completar a decoração do cenário de 200 metros quadrados.
O que fazer com o 13º salário
“Ajudar a pagar a viagem de lua de mel para uma neta”
O motorista aposentado Olívio Bonani, 68 anos, já recebeu a primeira parcela do benefício pelo INSS. Além da aposentadoria, também recebe salário de zelador em um edifício comercial do Centro, o que vai ajudar a engordar o 13º salário. “Como não tenho dívidas, vou usar esse dinheiro extra para comprar presentes para a família”. Segundo ele, uma parte já está reservada para ajudar a pagar a viagem de lua de mel de uma das netas, que vai se casar em dezembro. Se sobrar algum dinheiro, pretende guardar na poupança. “Para gastar, junto o necessário e só compro à vista, nem tenho cartão de crédito”. Com essa receita, Olívio já comprou um Clio 0km depois de poupar por nove anos.
“Investir tudo que receber na reforma que estou fazendo”
O soldador Francisco de Souza Barbosa, 40, está acabou de entrar em férias e aproveita o período de descanso para tocar a reforma da casa da família, em Campo Limpo Paulista. Com o 13º nas mãos, ele pretende adiantar a obra o máximo possível, que ainda não tem prazo para acabar. Mas como ninguém é de ferro, também vai aproveitar os feriados de Natal e Ano Novo para passear e visitar parentes no Rio de Janeiro e em Brasília. “Para viajar não vou mexer no 13º, uso o dinheiro das férias”, explica. Francisco diz que, programando, é possível realizar os planos sem passar por apertos. “Não tenho dívidas, mas se tivesse, usaria o 13º para pagar os compromissos”, garante.
“Começar a construir a casa da minha filha”
Ao lado da mulher Bernadete, 41, o empresário Jandir Belebelli, 52, explica que não recebe salário. “É pró-labore”. Mesmo assim, vê com otimismo a expectativa de lucro crescer nesta época do ano.
Dono de um motel em Cajamar, Jandir diz que a frequência da clientela, com mais dinheiro no bolso, aumenta no mês de dezembro. “Esse é o melhor mês para faturamento, tem movimento praticamente todas as noites”, afirma. Segundo ele, o ganho extra vai ser destinado para dar início à construção da casa que vai entregar para a filha, que já é casada mas mora com a sogra. “O terreno já está comprado, fica na frente da minha casa”. Não há prazo para a conclusão da obra, mas ele espera que seja o “mais rápido possível”.
Na última quinta-feira, Jandir antecipou parte das compras de Natal no comércio de Jundiaí. Junto com a mulher, carregava sacolas pelo Centro. “São coisas para a casa, que a gente estava precisando”, explicou Bernadete.
Na expectativa de um Natal lucrativo, o empresário torce para que os casais de namorados “comemorem” o dinheiro extra do 13º em seu motel.
“Gastar a 1ª parcela e guardar o resto na poupança”
O metalúrgico Dirceu Nunes Santanta, 25, está afastado do trabalho há dois anos. Desde que sofreu um acidente de moto e teve amputada parte da pena direita, recebe auxílio-doença do INSS. Por isso, a primeira parcela do 13º já recebeu no início deste mês. Ao lado da mulher Marli, 26, e da filha Stéfane, 5, veio de Cabreúva para comprar presentes no comércio da rua Barão de Jundiaí. “Antecipei as compras porque agora é mais tranquilo do que em dezembro”, explica. Ainda se adaptando à prótese de titânio que usa para caminhar, ele diz que vai está fazendo uma reserva financeira “para o futuro”. Dirceu pretende colocar na caderneta de poupança a segunda parcela do 13º.
“Comprar roupas, tênis e pagar um curso técnico para ajudar no futuro”
Aos 17 anos Cleison Alberto Barbosa já tem direito a receber 13º salário. Registrado na função de abastecedor em uma indústria de louças sanitárias, o adolescente já começou a fazer as compras pensando no dinheiro extra. Na última quinta-feira comprou um par de tênis. “Também vou levar alguma roupa”. Mas o ímpeto consumista deve parar por aí. Cleison quer investir no futuro. Vai usar outra parte do 13º para pagar um curso técnico de torneiro. “Se quiser ganhar salários melhores, tem que estudar”, reconhece.
Fonte: Rede Bom Dia